Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Reprodução
Mais de 400 mulheres indígenas de Mato Grosso marcaram presença na 1ª Conferência Nacional de Mulheres Indígenas e na IV Marcha das Mulheres Indígenas, realizadas em Brasília. A delegação foi organizada pela Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt) e contou com apoio do Programa REM MT, que viabilizou o deslocamento e a participação das indígenas no evento.
Com o tema “Nosso corpo, nosso território: somos as guardiãs do planeta pela cura da terra”, a mobilização reuniu cerca de 5 mil mulheres indígenas de todos os biomas brasileiros. Promovido pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), com apoio do Governo Federal, o evento representou um marco na luta pelos direitos das mulheres indígenas e pela construção de políticas públicas específicas.
Durante a conferência, foram debatidos cinco eixos centrais: saúde indígena, educação, direitos e enfrentamento às violências, gestão e proteção territorial e mudanças climáticas. Esses temas foram definidos a partir da escuta das mulheres nos territórios, como explica Maria Anarrory, do povo Yudjá e coordenadora do Departamento de Mulheres da Fepoimt:
“É a nossa primeira conferência nacional e nós já tínhamos realizado a nossa assembleia e feito alguns encaminhamentos. Agora elas vieram, muitas pela primeira vez, e estão tendo esse entendimento de como se constrói políticas públicas a partir das demandas do território. Elas estão contentes e muito participativas”.
Como resultado das discussões, foram elaboradas 49 propostas e, ao final da conferência, foi lançada a Carta Pela Vida e Pelos Corpos-Territórios, que servirá de base para a criação da Política Nacional para Mulheres Indígenas.
Além das atividades da conferência, parte da delegação também aproveitou a viagem para cumprir agendas estratégicas, como encontros na FUNAI, SESAI, ministérios e embaixadas, buscando apoio para projetos e ações nos territórios. Para Eliane Xunakalo, do povo Bakairi, presidente da Fepoimt e cofundadora da ANMIGA, o momento é de articulação política:
“Nós viemos com uma delegação de Mato Grosso com 400 mulheres e suas instituições e organizações das 7 regionais do estado. Aqui é um momento de ecoar nossas vozes, trazer às nossas demandas, propor soluções e pensar políticas para o presente e o futuro. O apoio do REM foi importante para o deslocamento dessas mulheres, pois nós temos um estado imenso, com territórios distantes e esse deslocamento precisa de combustível, frete, alimentação. Então estamos gratas ao REM e a todos os nossos parceiros que contribuíram com a delegação de Mato Grosso”.
O evento contou também com a presença de importantes autoridades, como as ministras Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Margareth Menezes (Cultura) e Márcia Lopes (Mulheres), além da deputada federal Célia Xakriabá e da presidente da FUNAI, Joenia Wapichana.
A programação foi encerrada com a IV Marcha das Mulheres Indígenas até o Congresso Nacional, em um ato que destacou a urgência da luta pela preservação da vida e da biodiversidade. Para Iranildes Mandicai, do povo Bakairi, a mobilização teve grande impacto:
“A conferência está sendo muito boa. Estão sendo apresentadas várias temáticas diferentes e importantes para os povos indígenas e as mulheres indígenas. O REM é um parceiro de muito tempo e eu agradeço por até hoje estar conosco, especialmente no apoio à Fepoimt”.
A jovem comunicadora Tailane Cristina, do povo Haliti-Paresi, também destacou a importância da participação das juventudes: “É a quarta marcha que participo, e cada uma traz novos aprendizados. Nós da base, como juventude, mostramos a importância de demarcar Brasília, para que os não indígenas nos respeitem também”.
Para Caroline Makiru Taukane, do povo Bakairi, conselheira regional Cerrado/Pantanal da Fepoimt Mulher, a presença das delegadas mato-grossenses é um marco:
“Está sendo um momento histórico. Estar aqui com mais de 400 delegadas de Mato Grosso é inédito. Agradecemos ao Programa REM MT por esse incentivo, por colaborar para que possamos discutir políticas públicas para nós, mulheres indígenas de Mato Grosso e do Brasil.”
O apoio do Programa REM MT aos povos indígenas, promovendo a participação dos povos nas discussões nacionais e na construção de políticas públicas reafirma o compromisso do programa no fortalecimento das organizações indígenas e na valorização do protagonismo das mulheres na defesa dos territórios, da cultura e da vida.
CONHEÇA O REM MT
O Programa REM MT é uma premiação dos governos da Alemanha e do Reino Unido, por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), ao Estado de Mato Grosso pelos resultados na redução do desmatamento.
Na fase I do Programa REM MT, foram apoiados 157 projetos, beneficiando 144 organizações sociais, entre elas, 114 associações ou cooperativas. Os projetos abrangem os três biomas de Mato Grosso: Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Dentre os resultados alcançados pelo programa, se destacam as 603 aldeias atendidas, onde vivem 43 povos indígenas, os 107 municípios mato-grossenses beneficiados, as mais de 35 mil pessoas atendidas e os 160 mil hectares de desmatamento evitados em Mato Grosso por meio da atuação do REM MT, nos anos de 2021 e 2022.
O Programa REM MT é coordenado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), e tem como gestores financeiros o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e a Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Para sugestões, reclamações ou esclarecimentos, fale com a ouvidoria da SEMA pelo telefone: 0800 065 3838 ou (65) 99321-9997 (WhatsApp) .