‘Mundo não precisa de um imperador tirano’, dispara Fávaro sobre tarifaço

Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Divulgação

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, avaliou que as sanções comerciais impostas pelo governo norte-americano, sob o comando do presidente Donald Trump, têm interferido em diversos países no mundo, forçando o Brasil a adotar novas estratégias de exportação e promover abertura de mercados para contornar os impactos do tarifaço de 50% aplicados aos produtos brasileiros a partir desta quarta-feira (6). Fávaro analisou o comportamento como de “um imperador tirano” e reforçou que é preciso mais diálogo entre as nações.

“É incompreensível a atitude do governo americano e não é uma atitude somente com o Brasil. A interferência em todos os países do mundo, querendo criar uma nova forma de comercialização. O mundo não precisa de um imperador, o mundo não precisa de um tirano para dizer como as coisas vão acontecer. Nós temos que, antes de mais nada, respeitar as democracias. Temos que antes de mais nada privilegiar o diálogo e o Brasil está sempre aberto ao diálogo”, declarou nesta quarta-feira (6) após assinatura de Acordo de Cooperação Técnica com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Fávaro ainda criticou parte da população por apoiar a medida do governo estadunidense e questionou as reais intenções por trás das tarifas norte-americanas, indicando que o prejuízo deve recair, de fato, sobre a população.

“Causa muita estranheza também ter brasileiros apostando que isso ainda pode aumentar as tarifas, quem tinha como lema defender a pátria. Qual a pátria que estão defendendo? Qual a consciência de quem tá fazendo isso contra os brasileiros? Não tá fazendo isso contra o presidente Lula. Não está fazendo isso contra o ministro da Agricultura, está fazendo contra os brasileiros”, alertou.

O ministro ainda reiterou a abertura ao diálogo e expôs que uma “boa diplomacia e relações de amizade” são importantes para ampliar mercados, citando a exemplo a expansão da agropecuária brasileira em 398 novos mercados, aumentando o leque de países que compram do Brasil.

Ele garantiu que alternativas têm sido viabilizadas para contornar as sanções, a exemplo de compradores de países asiáticos e da América Central. Também salientou que o governo Lula vai analisar os impactos gerados em cada setor específico e até mesmo avaliar linhas de crédito e outras medidas para que não sejam penalizados.

“Nós estamos com uma série de medidas para auxiliar, porque mesmo que seja um produto de menor quantidade exportado para os Estados Unidos, para aquele empreendedor ou segmento é muito significativo. Temos que dar um olhar específico para cada setor, […] tem que ter um olhar diferenciado. Tem que ter um tratamento com linhas de crédito, com novas compras públicas e com novas oportunidades para que ele possa vender esse produto, o redirecionamento às exportações”, argumentou.

‘Tarifaço’ passa a valer a partir de hoje
Começa nesta quarta-feira (6) a valer a sobretaxa de 50% sobre os produtos nacionais imposta pelos Estados Unidos ao Brasil. Serão tarifados produtos que embarcarem após 00h01 de hoje, segundo informou o governo brasileiro. As taxas impactam 95 categorias de produtos, que somam mais de 3,8 mil itens específicos. Uma das preocupações é com a exportação do café e da carne bovina.

Os setores afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos estão calculando os prejuízos e, ao mesmo tempo, já se movimentam para atenuar esse impacto com pedidos ao governo federal. A medida, no entanto, prevê uma longa lista de exceções, como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.