Plano antigo, MT-030 reduz rota, evita Portão do Inferno e estudo é anunciado para esta semana

Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Instituto Apoena

Promessa antiga, os projetos da MT-030, rodovia que garante reduzir a distância entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães, ainda precisam superar desafios técnicos para que a obra possa sair definitivamente do papel. O principal entrave se dá no trecho mais crítico da rota: a subida da serra, na chegada à Chapada, que exige soluções de engenharia específicas devido à inclinação do terreno. A empresa Ecoplan, responsável pelos estudos de viabilidade do traçado, irá apresentar na terça-feira (09) uma proposta técnica para dar andamento da via.

Além de reduzir o trajeto entre a Capital e a cidade turística, a rota também é uma alternativa para contornar o trecho do Portão do Inferno, que registra deslizamento de rochas há pelo menos uma década, colocando em risco a segurança que quem trafega pela região.

Deslumbrante pela beleza de seus paredões, o local começou a ser recortado em agosto do ano passado, quando a queda de pedras se tornou mais frequente, mas agora a obra está parada e sem previsão de retomada. Diante do cenário, o próprio vice-governador, Otaviano Pivetta (Republicanos), afirmou que a estrada era alternativa viável no momento para rota de acesso à Chapada.

Ainda é cedo para falar de um custo exato. Contudo, estima-se que a nova rodovia seja orçada entre R$ 350 e R$ 400 milhões, com prazo de execução entre 1 ano e meio e 2 anos após a licitação.

Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), o deputado estadual Ondanir Bortolini, o Nininho (Republicanos), faz a linha de frente na defesa da estrada. Por videochamada com a reportagem do GD, o parlamentar mostrou o mapa do projeto e explicou que técnicos estudam a construção do viaduto, para resolver o entrave no ponto crítico da obra.

“Esse projeto vem desde 2014 e a gente está lutando com ele. Agora, a empresa Ecoplan, que é renomada, está em campo fazendo o estudo do trecho crítico da serra, ali próximo à subestação de Chapada. A inclinação da rampa é o grande desafio, que precisa respeitar um limite de até 9%. Talvez será necessário um viaduto”, explicou o parlamentar.

Reprodução

Nininho

Rodovia em foco

A nova rodovia voltou ao centro das atenções após o governador Mauro Mendes (União) reconhecer falhas nos estudos de viabilidade do trecho do Portão do Inferno, alvo de recorrentes deslizamentos e interdições.

Atualmente a única ligação direta entre as cidades é pela MT-251. Recentemente, o governo anunciou a construção de um túnel na região do paredão. Enquanto isso, a MT-030 desponta como alternativa viável e promissora.

Por onde ela passa

O traçado da MT-030 começa na avenida dos Trabalhadores, na Capital, passa pela Ponte de Ferro e cruza o Rodoanel. Dali, segue praticamente em linha reta, paralela ao linhão da usina do Rio do Casca, até alcançar a MT-251, já próximo à subestação de energia de Chapada dos Guimarães. Com aproximadamente 30 quilômetros de extensão, tem potencial para desafogar o trânsito pesado da MT-251, que não é duplicada e sequer tem acostamento em algumas partes.

 


Nininho estima que a licitação possa ocorrer até o primeiro semestre de 2026, e que a construção, uma vez iniciada, leve de um ano e meio a dois anos para ser concluída.

“O único gargalo do projeto é justamente esse ponto de subida da serra. A gente já está com estudo em andamento há mais de 40 dias. A mesma empresa que está elaborando o estudo poderá ser contratada para executar o projeto executivo completo. Se tudo correr bem, acredito que a licitação possa ocorrer até o primeiro semestre de 2026”, estimou o deputado.

Sinfra

MT-030

A expectativa da população é grande e já virou tema do documentário “MT-030: O Caminho para o Desenvolvimento”, do Instituto Apoena. Em relatos, moradores da região da Ponte de Ferro e de comunidades que abarcam o traçado da MT-030 relatam décadas de espera por melhorias.

“Eu estou aqui há 13 anos. Sofri bastante com poeira, buracos… e escuto falar dessa obra há mais de 30 anos”, conta Jucinete Ricardo da Cruz.

Outros moradores enxergam a nova via como alavanca para o desenvolvimento. “O turismo vai melhorar com certeza. Vai encurtar a distância e criar uma nova rota. O custo de transporte diário vai cair”, afirmou Rafael Camargo da Silva.
Já a comerciante Jessica Duarte relata a insegurança e os custos aumentam toda vez que o Portão do Inferno é interditado. “Tudo que a gente pede tem frete, e quando fechou o Portão, o frete subiu”, disse.

O prefeito de Chapada dos Guimarães, Osmar Froner (União), também defende a nova rota. “A MT-251 está sobrecarregada com veículos de passeio, de trabalho, com cargas pesadas. A MT-030 permitirá um acesso mais rápido e seguro. É uma obra de custo elevado, mas essencial para o desenvolvimento regional”, disse.

O impacto urbanístico também é citado por Nininho, que aposta na transformação no perfil da Chapada. “Vai virar um braço de Cuiabá. As pessoas que hoje moram no Coxipó, por exemplo, vão chegar mais rápido a Chapada do que em casa, pela fluidez da MT-030. Chapada pode se transformar em um ‘Campos do Jordão’ mato-grossense, com investimentos e infraestrutura”, finalizou.